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  • Nell Morato

MISCELÂNEA LITERÁRIA…

Atualizado: 16 de abr. de 2020

Fiquei absolutamente confusa sobre o que deveria escrever ou, até mesmo, sobre o que queria escrever. São tantos assuntos congestionando minha mente, que está complicado organizar a bagunça… Assuntos prioritários? Sempre que falamos de livros, os assuntos são importantes, nem que seja para quem não vive sem eles ou depende dos livros para trabalhar, ou até mesmo para garantir a sobrevivência.


Chamou a minha atenção um post no novo feed do Linkedin. Parei para ler atentamente o que dizia a moça freelancer em elaboração de textos e diagramação, entre outras atribuições. Confesso que não lembro seu nome e senti-me um tanto “envergonhada” com o seu “desabafo”. Contava que as pessoas achavam que ela tinha a vida perfeita, mas não era verdade. Estava sem trabalho no momento e sem dinheiro no bolso. O que dispunha daria para pagar as despesas fixas, como internet, aluguel, água e luz e comprar alimento para seus cães (acho que eram cães os bichinhos de estimação). Depois de tudo isso relatado, dizia que sobraria uns parcos reais. Não percebi lágrimas e nem desespero em seu relato, apenas a realidade de profissionais que se dedicam à literatura, às letras, aos livros e similares.


Qual a sua pretensão escrevendo o texto? Será que pretendia chamar a atenção de empresários editoriais ou escritores independentes, que pudessem resolver o seu problema de subsistência? O tiro poderá sair pela culatra… Exposição demasiada não é recomendável para pessoas que trabalham em nosso ofício. Como uma pessoa envolvida em tantos problemas terá tranquilidade e discernimento para elaborar textos, revisar, organizar?


Antigamente havia uma preocupação com a pessoa, o seu bem-estar, o seu conforto no ambiente de trabalho. Pessoas com dificuldades encontravam colocação com certa facilidade, e a sua situação momentânea poderia ser rapidamente resolvida. Hoje não é assim! São muitos os profissionais disponíveis e o que conta, o que procuram os empregadores e contratantes, são pessoas focadas em resultados, profissionais competentes e “sem problemas”.


Alguns poderão não entender o enfoque do meu ponto de vista, mas trata-se da realidade no mercado de trabalho e até mesmo, da informalidade nas redes sociais. Ninguém mais quer pagar por um serviço mal feito. Errou é preciso assumir a responsabilidade e refazer, seja lá o que for que saiu errado. Como dizem por aí: “errar é da natureza humana”… então temos que aprender com nossos erros ou com os erros do vizinho, dos amigos, dos colegas. Se queremos mudar o conceito da literatura brasileira, incluindo na história, os escritores contemporâneos independentes, precisaremos deixar o amadorismo no passado.


Outro assunto que chamou minha atenção, foi a reportagem do Estadão sobre os 260 anos que o Brasil levará para atingir o nível educacional de países desenvolvidos em Leitura. A defasagem do aluno brasileiro foi apresentada no estudo realizado pelo Banco Mundial. “Esta é a primeira vez que o World Development Report, relatório anual que discute questões para o desenvolvimento mundial, é dedicado totalmente à educação. A conclusão mais importante do documento é que há uma ‘crise de aprendizagem’ no mundo todo. ‘Nos últimos 30 anos houve grandes progressos em colocar as crianças nas escolas na maioria dos países, mas infelizmente muitas não entendem o que leem ou não sabem fazer contas’, disse ao Estado o diretor global da área de educação do Banco Mundial, Jaime Saavedra.”


E nós, autores brasileiros, vamos fazer o quê? Como vamos colaborar para reduzir esse prazo, que à primeira vista, parece utópico? Jamais alcançaremos os países desenvolvidos. Não há interesse por parte dos governos, preocupados com os entraves políticos, a corrupção e a incapacidade de gerir o Estado; não há interesse da maioria da sociedade, e muitos, sequer se dão conta de como isso é preocupante. Escritores precisam de leitores. Precisam ser lidos e comentados os nossos textos.


Compartilhei essa reportagem no Google+ e várias pessoas se manifestaram a respeito, indignadas e achando absurda e impossível tal revelação. Também o fiz no Facebook, no entanto, um ou outro comentou. A rede e a maioria das pessoas que por aqui circulam, diga-se autores, não estão interessados na falta de leitores, e só lhes interessam os seus concorrentes, ou seja, outros escritores e os livros por eles publicados.


Não encontrei comentários indignados! Autores querendo ir às ruas em busca de soluções, mostrar que estão unidos em torno do mesmo objetivo, que é o de atrair seguidores, adeptos da leitura de obras de autores independentes… O debate é contra os autores “concorrentes” e os enredos escolhidos para seus livros, esquecendo das verdadeiras batalhas que enfrentamos no dia a dia.


Aliás, nem sabem o que os atrapalha, o que dificulta a venda, só conseguem enxergar outros escritores, os que realmente escrevem e dedicam-se à literatura brasileira. Escritores com talento e dedicados ao próprio trabalho… É isso que faz a diferença...


E seguindo a tendência atual, cadê as manifestações raivosas pela falta de políticas públicas na cultura? A falta de leitores? Os preços abusivos para livros nacionais comparados aos traduzidos? Quais as providências que tomarão para mudar o cenário? Quem sabe uma lista negra? E assim poderemos retroceder… lá para o período antes do Pré-modernismo, no início do século XX, quando a nossa literatura estava meio que paralisada. O que uma coisa tem a ver com a outra? Tudo. O sonho de alguns poucos autores poderá fazer a diferença, assim como Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, Lima Barreto e Graça Aranha, diferenciaram-se dos demais e produziram grandes obras desnudando a realidade brasileira.


É isso que eu espero. Já que não há união, entendimento, que alguns possam se destacar e fazer a diferença. E o que depender do estilo Nell Morato de ser, eu farei.


Fonte: http://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,pais-so-deve-dominar-leitura-em-260-anos,70002206631

Nell Morato

28/2/2018

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